Companhias aéreas devem R$ 70 milhões para prestadores de serviço de aeroporto, que vêem risco de colapso

Por Mariana Barbosa

A crise das companhias aéreas está pesando no caixa de pequenos fornecedores e ameaça comprometer a prestação de um serviço que é tido como auxiliar para o transporte aéreo, mas sem o qual não se levanta voo: limpeza dos aviões, manuseio de bagagem e a manobra das aeronaves na pista.

A dívida de Gol, Latam e Azul com as empresas de serviços auxiliares, ou ground handling, soma R$ 70 milhões segundo a Abesata, a associação das empresas do setor.

Segundo fontes, esta semana foi feito um primeiro protesto contra um título da Latam, no valor de R$ 1 milhão. As empresas dizem que já são mais de 90 dias de pagamentos em atraso e que algumas companhias aéreas já nem respondem mais e-mail. 

O valor da dívida é pequeno para as companhias aéreas, mas para as empresas auxiliares é questão de sobrevivência. O setor é intensivo em mão de obra: chegou a empregar cerca de 40 mil pessoas antes da pandemia. Hoje são menos de 30 mil. 

— É lamentável que o setor de ground handling tenha chegado a esta situação. A indústria da aviação é uma cadeia. Se um cair, o sistema entra em colapso — diz Ricardo Miguel, presidente da Abesata. — O sufoco é grande e estamos falando de possibilidade de não conseguir pagar salário. As companhias não pagam e os bancos fecharam as portas para o setor. Tem empresa que tinha 10 anos de relacionamento com um banco e agora não consegue financiar a folha. 

O setor conseguiu segurar a onda com a ajuda da MP que permitiu a redução de jornadas e salários, mas agora precisa recuperar o fluxo de caixa para seguir operando.

As bases mais críticas, onde pode faltar mão de obra afetando a retomada de voos, são Salvador e Brasília, segundo a Abesata. 

As companhias aéreas estão em modo “apertem os cintos que o dinheiro sumiu”, diz um executivo de do setor. As empresas estão pouco a pouco retomando os voos, mas a receita não está sendo recomposta na mesma proporção. Isso porque a demanda do passageiro corporativo, que é quem paga as tarifas mais altas, ainda é muito tímida. E com popularização das videoconferências durante a pandemia, uma parcela da demanda corporativa deve simplesmente desaparecer. 

A coluna entrou em contato com as companhias. A Gol afirmou que está em contato com a Abesata e seus associados e que desde o início da pandemia tem trabalhado com os prestadores de serviço de rampa na busca de soluções.

Fonte: GLOBO

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