Quando e como os preços de passagens aéreas cairão no Brasil? Veja caminho

Que as passagens aéreas no Brasil estão mais caras, não há o que discutir. As estatísticas estão aí para comprovar esse aumento pós-pandemia. Em fevereiro de 2017, a tarifa média doméstica atingiu R$ 430 e hoje está em R$ 630. Longe ainda dos R$ 900 de 2003, primeiro ano da liberdade de preços na aviação brasileira, depois de décadas de bandas tarifárias que simplesmente reduziam a competição entre as empresas a quase zero.

O sucesso da liberação tarifária foi visível: além da queda nos preços dos bilhetes aéreos (média caiu de R$ 930 a R$ 430), o número de passagens vendidas disparou. De 30 milhões em 2003 para um recorde de 117 milhões em 2014 e 2015 (dentro do Brasil e para o mundo). A partir deste ano houve quedas em 2016 e 2017 e estabilização em 2018 e 2019, quando chegamos a 119 milhões de bilhetes vendidos (entre doméstico e internacional).

  • Quais são as perspectivas para que os bilhetes aéreos voltem a ser mais acessíveis e o número de passageiros aumente? A equação é complicada, mas possível, segundo o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, em conversa exclusiva com a PANROTAS.
  • A primeira vez que a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) projetou 200 milhões de passagens vendidas por ano no Brasil tinha como meta o ano de 2020.
  • Com a crise do setor entre 2014 e 2019 esse marco passou para 2027. Agora, a entidade nem ousa cravar uma nova data. Mas sim as condições para que o setor volte a crescer e volta a ser democrático e não para poucos endinheirados.
  • Os números de 2022 mostram uma recuperação óbvia do mercado, ainda mais depois de uma pandemia, mas as metas adiadas da Abear e os R$ 200 de crescimento da tarifa média mostram que estamos ainda com muito a recuperar e conquistar.

AINDA TEM PASSAGEM BARATA?

Mesmo assim, Sanovicz faz questão de mostrar, em números, que a aviação no Brasil não vive apenas de passagens caras. Elas estão mais caras, mas, com planejamento, pode-se achar preços mais acessíveis.

Os números da Anac comprovam isso:

  • Em outubro de 2012, a tarifa média era de R$ 558,43.
  • 57% eram tarifas de até R$ 500.
  • 31% entre R$ 500 e R$ 1.000.
  • 12% acima de R$ 1.000.
  • Em outubro de 2022, o quadro piorou, mas não tanto como se imagina.
  • 47,6% (queda de dez pontos percentuais) são tarifas abaixo de R$ 500.
  • 37,2% entre R$ 500 e R$ 1.000. E 15,2% são tarifas acima de R$ 1.000.
  • A tarifa média nesse mês ficou em R$ 638,36.

POR QUE TÃO CARO?

As causas para esse aumento de tarifas são conhecidas e promovidas aos quatro ventos pela Abear:

– aumento do combustível de aviação: litro do QAV pulou de R$ 1,85 em 2013 para R$ 4,92 em 2022;

– aumento da taxa de câmbio: o dólar comprava R$ 2,16 em 2013 d R$ 5,16 em 2022, depois de um pico de R$ 5,40 em 2021;

– as perdas da pandemia (R$ 40 bilhões), que precisam ser recuperadas, já que o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos e outros países, não teve um programa para a retomada do setor, em muitos casos com injeção de recursos;

– a falta de alinhamento das regras do setor no Brasil em relação ao resto do mundo, como foi o caso da cobrança da bagagem (já resolvido), mas ainda não em casos como a precificação do combustível no País e questões que levam à judicialização da aviação, por exemplo no caso de intempéries naturais que paralisam as operações

– só no Brasil, segundo a Abear, a companhia aérea é responsabilizada por esses atrasos;

– também o ICMS, cobrado pelos Estados, é um imposto que, de acordo com a Abear, só existe no Brasil e encarece ainda mais o valor final do combustível.

“Se nos Estados Unidos o combustível responde por 22% do preço do bilhete e na Europa por 24%, no Brasil ele é 40%”, explica Sanovicz.

TARIFA AÉREA VAI BAIXAR?

Como voltamos então a uma aviação mais competitiva, com preços acessíveis e mais voos e passageiros? Para Sanovicz, quando as companhias aéreas conseguirem resolver os gargalos citados acima, quando as condições de competitividade voltarem e, para tornar ainda mais difícil o processo, quando o brasileiro voltar a ter o poder de compra de anos atrás.

Por isso, tanto ele quanto os presidentes das associadas à Abear já fizeram um verdadeiro tour pelos novos ministérios, pois tudo isso depende desde a política econômica liderada por Fernando Haddad, passando pela ministra do Turismo, Daniela Carneiro, para pleitear mais voos e mais competitividade para o setor que é um dos pilares da indústria que representa, até os ministérios de Minas e Energia e Portos e Aeroportos. A ministra, aliás, que chegou agora de surpresa no Turismo, já pegou a pauta dos preços das passagens aéreas como uma de suas prioridades.

Não esperem, portanto, uma redução para amanhã, mesmo com a reposição dos voos perdidos na pandemia. Os custos nas alturas, os brasileiros endinheirados ou os viajantes corporativos lotando aviões e a economia ainda cambaleando não são o céu de brigadeiro esperado pelo setor.

O presidente da Abear acrescenta ainda a importância de um programa de promoção do Turismo tanto internamente quando internacionalmente, para apoiar essas condições de crescimento.

Fonte: https://www.panrotas.com.br/aviacao/empresas/2023/01/quando-e-como-os-precos-de-passagens-aereas-cairao-no-brasil-veja-caminho_194413.html

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